Quiet quitting: o que é e por quê as empresas devem se preocupar

DICA
Colaborador que adotou o quiet quitting

O termo Quiet Quitting se popularizou no Tiktok a partir de um vídeo do criador de conteúdo Zaiad Kahan, onde ele explica que trata-se de uma rejeição à cultura do excesso de trabalho e uma busca pelo equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.

Quiet quitting em tradução livre seria desistir silenciosamente, como que “largar o trabalho aos poucos“. Tem sido chamado no Brasil de demissão silenciosa, contudo essa tendência não implica exatamente em uma demissão. 

O termo viralizou no Tiktok em 2022, rede social popular entre a geração Z, mas o movimento ganhou força antes em decorrência da pandemia do Covid-19, especialmente com a piora generalizada da saúde mental.

Em 2020, os transtornos depressivos graves aumentaram em 35% e os de ansiedade em 32%. Somado ao fato de que, no continente americano, 65% dos países relataram interrupção nos serviços essenciais de saúde mental em 2020, segundo a OPAS (Organização Pan Americana de Saúde)

Claro, uma adaptação brusca ao home office somada ao fato dos colaboradores estarem distantes de hobbies, práticas esportivas, familiares e amigos tornou a situação mais propícia ao adoecimento mental. Além de novos limiares criados entre o trabalho e a vida pessoal a partir do momento em que o trabalho entra dentro do lar.

Fazer o mínimo necessário e colocar limites no trabalho, a máxima “trabalhar para viver e não viver para trabalhar“ é o que defende o quiet quitting. O movimento tem tanto seus benefícios como seus deméritos que veremos a seguir. Siga a leitura!

O que é Quiet Quitting? 

O Quiet Quitting é um movimento em que o colaborador que o adota passa a fazer apenas o necessário dentro da sua função. Sem se esforçar para entregar a mais do que foi pedido e nem propor novos projetos. Reduz o engajamento com a empresa e até mesmo com a própria carreira. 

Outro ponto levantado é que o trabalho deixa de ser o item mais importante da rotina e a vida pessoal é valorizada. Trabalhar além do horário está fora de cogitação, o bem estar vem em primeiro lugar.

Uma pesquisa realizada pela Gallup apontou que pelo menos metade da força de trabalho dos Estados Unidos é composta por quiet quitters, denominação dada aos funcionários que adotaram o movimento. 

Por que os colaboradores estão adotando o Quiet Quitting? 

A tendência é maior entre a geração Z e Millennials, mas funcionários mais velhos não estão de fora. O artigo Quiet Quitting – Causes and Opportunities publicado na Alabama A & M University mostra que funcionários mais antigos estão insatisfeitos com suas lideranças e com a forma como têm sido tratados e não desejam trabalhar além de suas funções ou jornadas sem reconhecimento e remuneração correspondente. 

Para as empresas pode significar um ônus de produtividade, afinal funcionários menos engajados produzem menos. O reengajamento no caso apontado na pesquisa viria da valorização cultural e financeira destes profissionais.

Como já falado brevemente os motivos variam de desinteresse a uma busca por uma vida profissional mais equilibrada Ou seja, os motivos que levam alguém a fazer apenas o mínimo variam. 

Abaixo estão elencadas as quatro principais razões pelas quais seus colaboradores podem estar adotando o Quiet Quitting e você não sabe!

Falta de propósito com o trabalho

O desengajamento do colaborador com o trabalho e a empresa é um motivo clássico para o Quiet Quitting e essa falta de engajamento pode vir da necessidade de propósito. O que isso quer dizer?

Além do salário, o colaborador busca no trabalho sentir-se útil, ver resultado no que faz e que suas atividades tenham razão de existir e se alinhem aos seus valores pessoais. 

Caso um funcionário esteja exercendo atividades as quais não veja um propósito pode desengajar-se do trabalho e deixar de fazer sugestões, propor melhorias e entregar seu máximo potencial. Fazendo, então, apenas o estritamente necessário e pedido a ele. 

Priorizar a saúde mental

Parte do movimento de “desistência” não tem relação direta com o ambiente corporativo, mas sim com o reconhecimento de que o trabalho em excesso pode prejudicar a saúde mental.

Com a pandemia da Covid-19, muitos profissionais que nunca tinham trabalhado de casa, precisaram adotar o home office. Neste contexto, os limites entre o ambiente doméstico e a empresa ficaram muito tênues. Afinal, não era necessário estar na sede para estar disponível.

Apesar das diversas vantagens do home office, como evitar o trânsito e longos deslocamentos, essa adaptação inesperada fez muitas pessoas trabalharem mais horas do que o habitual.

Nesse caso, a geração Z traz à tona a discussão de estabelecer uma relação saudável com o trabalho. Fazer apenas o necessário vem no sentido de evitar horas extras e trabalhar dentro do previsto. Priorizar tempo livre com a família e amigos, lazer e bons hábitos. 

O entendimento é de que o trabalho não define a pessoa, portanto precisamos de outras experiências para ter uma boa qualidade de vida e autoestima. O sucesso profissional não seria suficiente. Mas as horas trabalhadas podem ser bem aproveitadas.

Insatisfação na relação com a liderança

O relacionamento com colegas de trabalho é um fator importante de engajamento e ainda mais quando falamos da liderança imediata. Essa é a pessoa que irá supervisionar o colaborador e lhe demandar projetos e/ou tarefas.

Caso a relação seja conturbada ou o liderado não confie no seu líder ficará insatisfeito com o ambiente de trabalho.

A situação pode surgir da falta de feedbacks vindos do gestor ou falta de suporte. Sem o apoio adequado, o funcionário sente-se desmotivado a melhorar seu trabalho e adota a postura de Quiet Quitting. 

Por isso, esteja atento ao comportamento das lideranças e se há um processo padrão de feedbacks, por exemplo, que incentiva o gestor a estar mais próximo dos liderados dele. 

Falta de reconhecimento no trabalho 

Por fim, outro caso comum é o funcionário que era bastante pró ativo, trazia novas ideias e agora está desengajado. 

A falta de reconhecimento de bons resultados, apoio na execução e aplicação de novas ideias pode minar o engajamento da equipe e causar a desistência da função. O funcionário nesse caso passa a fazer apenas o básico, pois quando fazia além não era reconhecido.

Acima falamos de reconhecimento rotineiro, é igualmente importante levar em conta se a empresa passa por longos períodos sem promoções ou méritos mesmo quando o colaborador entrega um trabalho acima do nível ao qual é remunerado.

Como as empresas podem lidar com o quiet quitting?

As empresas, especificamente lideranças e RH, devem entender como incentivar os colaboradores a encontrarem o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional sem deixar de buscar os melhores resultados para a organização.

O primeiro ponto é mostrar que a empresa está preocupada com a saúde e bem estar do colaborador, se um dos motivos do quiet quitting é a busca pela saúde mental cabe à organização dispor de meios para que os funcionários exerçam um trabalho engajado e ainda estejam saudáveis, pois um fator não exclui o outro.

Como fazer de modo prático:

  • Tenha limite de jornada claro e desincentive horas extras que não sejam extremamente necessárias;
  • Promova pausas regulares permitindo pequenos descansos durante a jornada;
  • Permita flexibilidade nos horários, assim o colaborador pode encaixar atividades pessoais como consultas de rotina durante o horário comercial, se necessário;
  • Promova ginástica laboral e outras atividades relacionadas à saúde dentro da empresa.
  • Tenha benefícios que promovam a saúde integral dos colaboradores.

Uma opção para as empresas reterem talentos através de benefícios é o VCuida, solução de cuidado completa para o colaborador, casa e família

Quando pensamos em cuidado integral, estamos falando de ter assistência de saúde e também nos perrengues domésticos e familiares.

Com o benefício VCuida, seu funcionário tem acesso a teleconsultas de mais de 20 especialidades incluindo pronto atendimento, desconto em medicamentos, diárias em caso de internação hospitalar e assistência funeral.

Para a segurança financeira, seguro em caso de acidentes pessoais. Ainda, assistência residencial para as emergências domésticas com 15 categorias de prestadores de serviço. 

Melhorar a comunicação entre líderes e liderados 

Ter uma comunicação objetiva e uma escuta ativa é importante para que os colaboradores se sintam ouvidos e que as necessidades deles estejam sendo atendidas. 

A empresa deve incentivar uma comunicação transparente, onde os funcionários fiquem confortáveis para compartilhar suas ideias e dificuldades.

Dar possibilidade de crescimento profissional

Como já trouxemos, a falta de méritos e promoções quando há um bom desempenho pode desencadear baixo engajamento e queda no rendimento de um colaborador. Portanto, a empresa dar oportunidade de crescimento profissional estimula a equipe a fazer seu máximo em busca de crescer.

O mais indicado é ter processos concretos como ciclos de feedbacks, um mapa de carreiras onde é possível visualizar a progressão de cargos. Também, transparência quanto a faixa salarial das posições.

Esses três macro temas merecem a sua atenção mas lembrando que a empresa não controla o comportamento de todos os colaboradores mas as lideranças podem estar atentas à temática.

O movimento pode ser prejudicial para os negócios?

Funcionários que aderiram ao Quiet Quitting, de modo geral, produzem menos e estão menos engajados com a empresa. Não necessariamente farão entregas ruins, só não devem propor novas ideias e nem fazer além do escopo delimitado.

De certa forma pode sim prejudicar os negócios, mas é reversível ou atenuado com ações de engajamento e não deve ser motivo de alarde.

Há também quem aderiu ao movimento em um sentido de autocuidado, de não levar trabalho para casa, não trabalhar depois do horário ou aos finais de semana, por exemplo. Contudo, nos momentos de produção segue buscando a melhor performance. 

Resumindo o tema:

  • O que é? Quiet quitting é uma tendência de trabalhar apenas o necessário, buscando equilíbrio com a vida pessoal. 
  • Como começou? Viralizou no Tiktok em 2022, mas vem crescendo desde a pandemia do covid-19 com a redução dos limites entre trabalho e vida pessoal e aumento dos casos de ansiedade e depressão.
  • Por que funcionários adotam o Quiet Quitting? falta de propósito no trabalho, insatisfação com a liderança imediata, falta de reconhecimento por mérito e prioridade da saúde mental.
  • Como as empresas podem lidar? Promovendo bem estar do colaborador, melhorando a comunicação entre líderes e liderados e dando possibilidade de crescimento profissional na organização.
  • Quiet quitting prejudica os negócios? Pode resultar em menor produtividade mas é reversível com ações de engajamento 

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